Pinel... / [Sebastião da Costa Santos].

Costa Santos, Sebastião da, 1881-1939.

Date:: 1927

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Credit: Pinel... / [Sebastião da Costa Santos]. Source: Wellcome Collection.

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abandonado a mercenários sem consciência, parecia desafiar a razão e a humanidade. Contra a alienação mental que é a pior das desgraças não se conhecia outra coisa senão a violência. Por isso a escolha de Pinei tinha sido muito acertada porquanto ninguém melhor do que ele para substituir a barbarie pela humanidade. Pinei passou então a empregar todo o seu tempo e a consa¬ grar todas as suas forças no alivio dos desgraçados entregues aos seus cuidados, depois de estudar a uma por uma as suas enfer¬ midades. Bicêtre era então um vasto pandemônio ocupado por todas as misérias humanas, aqui ladrões, ali assassinos, acolá alienados, mais além inválidos e mutilados de guerra. A primeira reforma a efectuar era a abolição das cadeias de ferro com que eram contidos os loucos. Para isso, porém, era não só precisa a autorização da secretaria geral mas ainda o assenti¬ mento da Comuna, ciosa da sua autoridade absoluta. Pinei convencido de que o pedido desta concessão era dos mais urgentes não hesitou em repetir o pedido poucos dias depois. Várias vezes foi Pinei em pessoa perante a Comuna expor as ra¬ zões do seu pedido. Era então presidente da Comuna o conven¬ cional Couthon, paralítico por sinal e que em tudo via traições, o qual depois de ouvir Pinei o tratou de aristocrata e lhe disse: «desgraçado de ti se nos enganas e se entre os teus loucos escon¬ des alguns inimigos do povo! » Ao que Pinei replicou ser tudo pura expressão da verdade e que a sua missão era exclusivamente médica. A7ous verrons bien foi a única resposta que Pinei conse¬ guiu obter. No dia seguinte, com grande espanto seu, tinha Pinei que rece¬ ber o fogoso convencional Couthon que sem o prevenir se fizera transportar a Bicêtre. Pinei começa por o conduzir á secção dos agitados onde o aspecto das células o impressionou muito desa¬ gradavelmente. Pretendeu Couthon interrogar os furiosos, não con¬ seguindo da maior parte senão ouvir injurias e apostrofes grossei- ronas. Não valia a pena prolongar por mais tempo o seu inque* rito. Voltando-se para Pinei, diz-lhe: «Ah! cidadão estás louco que¬ rendo libertar uns animais semelhantes?» Ao que Pinei respon¬ deu: «Cidadão estou convencido que estes alienados são tão intra¬ táveis só porque os privam do ar e da liberdade». «Pois bem, faze